Taxas de juro em descida: bancos centrais ajustam políticas

noticia

BCE, Fed e outros bancos centrais aliviam taxas de juro, mas mantêm cautela para consolidar a luta contra a inflação global.

Os principais bancos centrais do mundo têm vindo a reduzir as taxas de juro em 2024, após um período prolongado de medidas restritivas para controlar a inflação. Esta tendência representa um alívio para famílias e empresas, que enfrentaram um encarecimento do crédito nos últimos anos. Apesar das reduções, as autoridades monetárias alertam que o combate à inflação ainda não está completamente vencido.
 
A inflação atingiu níveis alarmantes em várias economias globais entre 2022 e 2023. Na zona euro, por exemplo, o índice de preços ao consumidor chegou a 10% em outubro de 2022, influenciado pela recuperação pós-pandemia e pela escalada dos preços da energia após a invasão russa da Ucrânia. Nos Estados Unidos, a inflação ultrapassou 9% no verão de 2022, enquanto o Reino Unido enfrentou valores igualmente preocupantes.
 
Este cenário levou os bancos centrais a subirem as taxas de juro para travar o consumo e controlar a escalada dos preços. No entanto, em 2024, a inflação começou a recuar gradualmente, aproximando-se das metas de 2% estabelecidas por muitas destas instituições.
 

Banco Central Europeu lidera cortes cautelosos

O Banco Central Europeu (BCE) iniciou a descida das suas taxas de juro em meados de 2024, após um longo período de taxas elevadas. No início do ano, a principal taxa de refinanciamento estava em 4,5%, mas sucessivos cortes de 25 pontos base ao longo do ano reduziram-na para 3,4%. A taxa de depósitos, que serve de referência, caiu para 3,25%.
 
A presidente do BCE, Christine Lagarde, destacou a necessidade de manter a prudência, mesmo com o alívio gradual das taxas. Embora a inflação na zona euro esteja agora mais próxima da meta, Lagarde sublinhou que o "trabalho ainda não está terminado".
 

Reserva Federal dos EUA também recua nas taxas

Nos Estados Unidos, a Reserva Federal (Fed) começou a baixar as taxas de juro em setembro de 2024, após mantê-las no nível mais alto em mais de duas décadas, entre 5,25% e 5,5%, durante grande parte de 2023.
 
A Fed optou por cortes mais expressivos inicialmente, com uma redução de 50 pontos base, seguida de cortes mais moderados, de 25 pontos base. Atualmente, as taxas de juro norte-americanas situam-se entre 4,5% e 4,75%. O presidente da Fed, Jerome Powell, reconheceu que a inflação diminuiu significativamente, mas alertou que é essencial consolidar os progressos alcançados.
 

Outros bancos centrais acompanham a tendência

O Banco de Inglaterra foi outro dos principais atores neste ciclo de descida das taxas de juro. A sua primeira redução em agosto de 2024 colocou a taxa em 5%, seguindo-se outro corte para 4,75% em novembro. A inflação no Reino Unido caiu para 1,7% em setembro, o nível mais baixo dos últimos três anos, um sinal de que as medidas estão a surtir efeito.
 
Na mesma linha, o Banco do Canadá implementou quatro cortes consecutivos desde junho, reduzindo a taxa de juro para 3,75% até outubro. Esta política reflete o esforço de ajustar as condições económicas num cenário de inflação em desaceleração.
 
Já o Banco Nacional da Suíça surpreendeu os mercados ao baixar a sua taxa diretora para 1,5% em março de 2024, o primeiro movimento do género em dois anos.
 
Por outro lado, o Banco do Japão tem mantido uma abordagem mais conservadora. Após anos de políticas conservadoras, a instituição aumentou ligeiramente as taxas no início de 2024, mas manteve a taxa diretora em 0,25% a partir de outubro, optando por não acompanhar a tendência global de descidas.
 

Impacto no crédito e na economia real

As reduções das taxas de juro representam um alívio para consumidores e empresas, que enfrentaram custos elevados para empréstimos durante o período de restrições. Para as famílias, isto significa melhores condições para financiamento da habitação e consumo. Para as empresas, facilita o acesso a crédito para investir e expandir as suas atividades.
 
No entanto, os bancos centrais continuam atentos aos sinais de pressão inflacionária, pois uma descida demasiado rápida das taxas pode comprometer os ganhos obtidos no combate à inflação. Além disso, há uma preocupação crescente com a sustentabilidade das dívidas públicas, que se tornaram mais difíceis de gerir durante o período de taxas elevadas.
 

O que esperar para 2025?

Com a inflação a recuar e as taxas de juro em trajetória descendente, o cenário económico para 2025 parece mais otimista. Espera-se que os bancos centrais continuem a reduzir as taxas gradualmente, desde que as condições económicas o permitam.
 
Para os consumidores e as empresas, a descida das taxas de juro traz perspetivas de maior estabilidade financeira e oportunidades de crescimento. Este ciclo de alívio monetário, embora cauteloso, pode marcar o início de uma nova fase de recuperação económica sustentada.
 

Publicado a: 08 de Janeiro de 2025

Por: Supercasa Notícias

Avalie o seu imóvel